Fast track para falar em público sem dor

Por Cláudia Nogueira, Coach e External Consultant Lift

Há normalmente um fosso entre a qualidade exímia com que falamos, dentro da nossa cabeça, e a hesitação que experimentamos na voz e nas palavras, na ansiedade no registo, quando falamos de facto, em voz alta.

Diz-me a experiência que na maioria das vezes esse desfasamento surge por associação ao medo do ridículo, que cada exposição traz consigo. Desmistificar este cenário que tantas pessoas projetam nas suas cabeças é possível e esse é o primeiro passo de um processo que pode ser consolidado com recurso a algumas ferramentas de trabalho, que não sendo complexas, assumem vital importância para quem está sob os holofotes.

1 – Tome decisões.

“O que pretendo desta reunião, daquele almoço, daquela intervenção num evento?, que pergunta tenho de trazer para cima da mesa?”, são tudo questões vitais à sua preparação. Ao definir com clareza o que pretende, seja qual for o momento, fica mais fácil decidir o que quer dizer e como o terá de dizer para cumprir com o seu objetivo. E isto implica muitas vezes pensar inclusive o que vai vestir ou onde se vai sentar. O que quer que aconteça com a sua intervenção, é a sua bússola, por isso prepare-se. Estas questões não têm de ser um peso pesado na sua cabeça.

2 – Ponha a sua energia no que pode mesmo fazer a diferença.

Se pudesse fazer evoluir algo em si, seja do ponto de vista não verbal, da voz ou de palavras escolhidas, o que seria?

Não adianta trabalhar a sua arte de falar em público se focar a sua cabeça em todas estas dimensões em simultâneo, pois fazê-lo apenas conduzirá a mais ruído na sua cabeça e à perda de foco. Será também um convite aberto para que as pessoas à sua frente percecionem insegurança ou falta de preparação. Por isso se o problema é a postura, por exemplo, pratique deliberadamente a postura que quer manter; se as mãos ‘se calam’, trabalhe-as por forma a trazer expressividade ao registo; se a voz tende para o monótono, procure os momentos para incluir uma pergunta, para repetir uma ideia, ou para começar mais alto, por exemplo. Faça este exercício em função do seu principal objetivo e, por isso, defini-lo claramente é o primeiro passo de todos.

3 – Treinar. Em desconforto. E em voz alta.

As pessoas à sua frente agradecem um não-verbal pouco ruidoso, para não se distraírem da voz, que tem de lhes chegar, para que as palavras sejam ouvidas. Ainda assim, a sua ambição não será só ser ouvido, antes que as suas palavras se tornem uma memória (útil, divertida, pedagógica, ou com qualquer outra ambição). Não basta estar focado apenas nas palavras e na sequência dos slides que eventualmente vai apresentar.

Experimente treinar em voz alta, de pé, caso seja o registo mais desconfortável, a mover mãos, a sorrir. Experimente treinar uma vez, duas vezes, três vezes. Até um conforto aparente começar a surgir. Esse é o objetivo!

Se quer ter resultados diferentes, ponha de parte a ideia de não querer perder a sua genuinidade. É possível manter-se autêntico treinando. É até preferível que essa autenticidade seja ‘limpa’ de elementos que distraem mais do que acrescentam. Se quer ter resultados diferentes, esta é uma forma relativamente fácil. Aceita o convite?