Do SEO ao GEO: Estará a sua marca preparada?

Por Diogo Ferreira da Costa, Partner Lift & Head of Digital

Vivemos uma transformação profunda na forma como acedemos à informação. O avanço da inteligência artificial generativa está a alterar, de forma silenciosa, mas decisiva, o ecossistema mediático e online. Essa mudança tem implicações sérias para quem trabalha em comunicação, sobretudo em contextos de crise, onde tempo, confiança e clareza são cruciais.

É neste novo território que emerge o conceito de GEO — Generative Engine Optimization. Muito mais do que um jargão técnico, trata-se de uma abordagem estratégica a uma realidade onde os utilizadores, em vez de navegarem por websites e resultados de pesquisa, recebem respostas diretas de ferramentas como o ChatGPT, o Perplexity ou a IA da Google.

Até aqui, o SEO era rei. Produziam-se conteúdos otimizados para motores de busca, com a esperança de subir no ranking e gerar cliques. Agora, o clique desaparece. A resposta é gerada diretamente. Se o seu conteúdo não estiver lá — bem estruturado, validado, acessível à máquina —, deixa simplesmente de existir para o utilizador. O desafio muda de figura: não é só ser encontrado, é ser citado.

Numa crise, esta mudança ganha contornos dramáticos. Quando o caos se instala, as pessoas procuram respostas rápidas, simples, fiáveis. Já não têm tempo para ler artigos longos ou explorar sites. Querem saber se a água é segura para beber. Onde está o abrigo mais próximo. O que fazer a seguir. E querem saber . O GEO é o caminho para garantir que a resposta que lhes chega é a sua — e não uma invenção algorítmica ou, pior, uma desinformação partilhada sem controlo.

O GEO não é apenas uma questão de presença. É uma questão de responsabilidade. Ao organizar a informação de forma clara, com linguagem direta, listas, perguntas frequentes e metadados estruturados, aumenta-se a probabilidade de os modelos de IA citarem essa fonte com rigor. E isso, em contexto de crise, pode fazer a diferença entre uma boa decisão e um erro fatal.

Mas não se trata apenas de apagar fogos. O GEO também serve para os prever. As ferramentas de IA permitem monitorizar sentimentos, identificar riscos emergentes, antecipar ondas de indignação ou desinformação. Estar atento a esses sinais e preparar respostas antes da crise atingir o pico é hoje uma competência estratégica. E o GEO é parte dessa preparação.

Claro que há limitações. A IA trabalha com dados, muitas vezes, desatualizados. Em situações de emergência real, os canais convencionais continuam a ser indispensáveis: SMS, rádio, redes sociais. A confiança plena na IA pode ser perigosa — e muitos utilizadores continuam, com razão, a encarar respostas geradas automaticamente com algum ceticismo. Daí a importância da supervisão humana e da validação da informação. O GEO não substitui a comunicação tradicional. Complementa-a.

Importa, ainda, compreender que diferentes modelos de IA privilegiam diferentes fontes. O ChatGPT tende a privilegiar conteúdos mais institucionais ou académicos. A IA da Google mistura notícias, blogs e fóruns. O Perplexity valoriza comentários especializados. O que significa que uma estratégia eficaz de GEO tem de ser diversificada: presença em media credíveis, publicações setoriais, redes sociais de referência, fóruns qualificados. Não basta ter um bom site institucional.

E acima de tudo, o conteúdo tem de ter utilidade real. Um guia passo-a-passo para lidar com uma crise, uma infografia clara, um vídeo explicativo com linguagem acessível — tudo isto tem maior probabilidade de ser citado pela IA, do que um comunicado corporativo genérico. Ser citado não é uma questão de sorte, é uma consequência de utilidade.

A questão é esta: quando a próxima crise chegar — e chegará —, estará a sua organização preparada para ser ouvida no meio do ruído? O GEO é, cada vez mais, parte da resposta certa. Não é futurismo, é presente. A visibilidade certa, no momento certo, pode salvar tempo, reputações e até vidas.

É este o novo território da comunicação. E quem quiser liderar nele, tem de começar já a caminhar.