Zelensky: O poder da comunicação de um líder

Por Salvador da Cunha, CEO da lift

Volodymyr Zelensky é um comunicador nato. Ganhou a presidência do seu país pela comunicação, enfureceu a vizinha Rússia também pela comunicação, por conseguir mostrar ao mundo que é um país ocidental, que está muito mais próximo dos valores europeus do que dos valores autocráticos russos e está a ganhar a guerra de informação nesta absurda guerra lançada por Putin. Neste momento, mesmo que não ganhe a guerra das armas (que é o mais provável, dada a desproporção de recursos), já ganhou a guerra da opinião pública ocidental. Volodymyr Zelensky é um novo herói. Primeiro, herói no seu país. Depois herói na Europa e um pouco por todo o mundo.

A forma como tem comunicado, através das redes sociais, de vídeos feitos no momento a partir do seu telemóvel, da publicação de fotografias sorridentes com a família, de refeições simples ao lado dos seus ministros e generais, sem mordomias, sem luxos, com proximidade, empatia e simpatia. A correr riscos. A mostrar coragem e valentia. A desafiar o ocidente. Através das palavras e das atitudes.

Ficar em Kiev, no centro do furacão e mostrar isso ao mundo. A recusar boleias para fugir, afirmando que “o que necessitam são munições”, a mostrar-se em situações pessoais, com todo o peso da circunstância, mas sem peso institucional. Mostra proximidade, enquanto Putin, mantendo os seus homens de mão a 20 metros de distância, gera desconforto e desconfiança.

Com isto, Zelensky também mostra que é um europeu. “People like us” como dizem os ingleses. E queiramos ou não, quando assim é, há muito mais ressonância, muito mais proximidade, muito mais empatia. Isto podia estar a acontecer no nosso país e isso gera mais emoção.

Gera também as maiores manifestações antiguerra desde a segunda guerra mundial, que pressionam governos pela europa fora que, por sua vez, aumentam as sanções à Rússia. Não seria assim se Zelensky fosse outro tipo de líder, sem carisma e sem esta habilidade comunicativa. Provavelmente esta guerra já tinha acabado. E a Ucrânia já tinha sido anexada.